26 de nov. de 2009

pose

sou mais um produto século XXI. nego, renego, mas sempre caio na mesma percepção. praticidade, velocidade, e eu buscando por sensibilidade. e eu buscando por análise. ando tão devagar. minha cabeça não pode parar não, o mundo não para não. tempo é precioso, dizem. e eu me torno fragmentada. de segundo em segundo: tanto pensamento, tantas mudanças. pura ação, pouca idealização. tiroteio de notícias, mistura de sentimentos. o velho com o novo misturam-se em mim. flexibilidade é a solução. adequar-se é a solução. absorver sim; entender, jamais. criar raízes já se tornou expressão de vó. o negócio é ser livre, sentir-se livre. liberdade virou sinônimo de não se ligar a nada, de não ser nada. sejamos vazios o suficiente pra flutuarmos. ser cabeça dura saiu de moda, a moda é estar pronto para ser cada dia uma pessoa. sempre uma, mais uma, nunca a.

8 de nov. de 2009

ela vive em busca do sim, em busca de si, em busca deles. ela chora, pois quando chega a pensar que entende tudo que a cerca, algo, pequeno ou gigante, interpõem-se. ações mínimas, mas concretas, atingem qualquer um. sua sensibilidade à flor da mente não deixa nada escapar, não se esquece de nenhum gesto, ou até passa a inventar casos inexistentes na realidade. ela só quer sentir, ela exagera em sentir e, por isso, chora. e, por isso, isola-se. o isolamento decorre da decepção, lógico. por que o mundo funciona assim? por que as pessoas se mostram assim? serão todos assim? ela está percebendo errado? não, é tão óbvio: estão contra ela. ela se sente isolada, então, estão a isolando. desligar-se dos outros é tarefa difícil. desligar-se de si mesma é tão mais fácil. sentir-se banal é dar uma trégua aos pensamentos. ah, nada como uma semana no papel de simplesmente alguém de bem. porém, tudo volta. o que há no subconsciente não se ignora, não por muito tempo. parar de sentir é fácil, alivia... mas voltar é mais simples ainda. quando ela menos espera, pronto, uma situação, uma palavra já viraram história, com início, meio e fim, na sua cabeça, quer dizer, na sua alma.

6 de nov. de 2009

tão cheio e tão vazio

cérebro fechado pra informações. mentalidade fechada para novidades. alma fechada para emoções. ê coração burro, que insistiu muito em ser e entrou em curto-circuito. ê pessoa idiota, que sempre espera além dos demais. pessoas erram, faltam com alguma coisa, criam lacunas e esquecem simples gestos. a sensibilidade sempre percebe, sente falta. olhos? vermelhos. tão vermelhos quanto a raiva de sentir-se incompleto. olhos? fechando-se também.