5 de jun. de 2011

da solidão

o fundo do copo pode ser, muitas vezes, o início do poço.

de vista

perdida, é você
que já sabe o que quer da vida.

25 de abr. de 2011

na brincadeira do Melamed II

água ------ chave

água --- vida --- morte --- caixão --- papelão --- papel --- reciclagem --- Vik Muniz --- arte

chave --- carro --- gasolina --- petróleo --- oriente médio --- guerra --- política --- arte


água___arte___chave

dia-a-dia

- Amor, a bateria tá acabando.
- A do notebook ou a sua?

na brincadeira do Melamed

amor ------ Bahia

amor --- companheiro --- amizade --- pessoas --- sofrimento --- religião --- universal --- televisão

Bahia --- axé --- música (?) --- arte --- beleza --- americana --- hollywood --- televisão


amor___televisão___Bahia

vão

vazio na página,
branco conceitual.

vazio em mim,
adaptação social.

ruína

quero cair, meu bem
até sentir a arte que sumiu de mim

9 de set. de 2010

epifania

aquele instante

suspenso

in tenso

only love can break your heart [and your mind]

Ele passou o dia tentando entender o que era o amor. Aquela noite de ontem realmente mexeu com ele, com sua cabeça (ele não se atreveria em dizer 'com seu coração'). Procurou no dicionário: mais de 15 significados e tudo parecia tão frio, distante. Deitou, rolou a tarde na cama, tentando remontar tudo que lhe aconteceu.
Ah, sua vida ia tão bem. Um bom emprego, faculdade tranquila, amigos solteiros e meninas atrás dele. Como poderiam uma noite de sábado, muitas doses de álcool e uma garota o deixar desordenado, perdido?
Levantou. Foi pra sala, ligou a tv, mas não conseguiu fugir das divagações. Assistiu a um filme, lembrava-se dela. Mudou pra novela, lembrava-se dela. SMSs chegavam, esperava que fossem dela (até descobrir que não tinha o número da desconhecida que o conhecera tão bem).
Foi ouvir música, sempre seu refúgio quando precisava espairecer. Colocou Neil Young. Aquele idiota sentimental. Only love can break your heart.
Merda de domingo, de ressaca e de lembranças superestimadas. Descobriu que o seu amor não era bem amor por ela, mas pelo desejo de se ver envolvido com algo inesperado, incompatível. A noite passada ocupava perfeitamente esse desejo. A garota era estigma de encrenca; ele, de autodestruição.
Dormiu. Não quis levantar do sonho, ela tava lá. Não quis mais uma segunda-feira, ela também estaria lá.

desculpa leminski

Iverno

É tudo que sinto

Viver

Não é sucinto

9 de jun. de 2010

"You say you want a revolution..."

Os jovens estão velhos. Ideologias, atitudes e pensamentos caducos. Agem como se tivessem 50, lutam por causas de 68 e escutam músicas dos anos 80. Até a moda é vintage e todo mundo com menos de 25 anos parece gostar de ser retrô.
Posso dividir os jovens em dois grupos: os velhos nostálgicos e os velhos conformados. Vamos começar pelos conformados, eles devem ser mais fáceis de entender. Esses jovens, como já explicita o próprio nome do 'conjunto', vivem conforme as regras lhes ditam. Cumprem suas obrigações, aceitam ordens superiores e desconhecem a contestação. Acreditam, piamente, que o mundo não tem chances de mudar. São apáticos e se esforçam para serem meramente reconhecidos dentro do grupo e, logicamente, para não terem grandes alterações em seus esquemas de vida.
O segundo grupo, dos nostálgicos, é intrigante e "intriguento". Vive em busca de um inimigo corporal, de algo único para reunir a culpa de todos os males do mundo. Percebem-se jovens que anseiam por revolução, mas que nada apresentam de revolucionário. Jovens que esqueceram que o marxismo já foi esquecido, que 1968 é um ano que acabou e que a ditadura no Brasil (mesmo que ainda com algumas pendências) não existe mais. Os nostálgicos querem melhorar o mundo atual e formar uma sociedade nova (e isso merece muito respeito), mas se baseiam na cabeça dos velhos. Iludem-se com palavras de adultos que não cresceram e passam a acreditar que deveríamos voltar ao antigamente. Os nostálgicos, no excesso de referências e na falta de criatividade, perdem tempo polarizando um mundo que deixou de ser polarizado, gritando frases que já não ecoam e seguindo imagens que se desgastaram.
Rótulos, como os desse texto, também não passam de técnicas fracas e limitantes de assistir a ações de outros. E, então, até uma opinião amadora e livre cai na mesmice do discurso: analisar o mundo como nos é apresentado e não como queremos apresentar.

28 de mai. de 2010

e agora?

continuo intrigada com a continuidade.
queria perguntar pra freud: como que fica a pessoa que não sabe lá qual é seu grande outro, seu grande objeto (ou qualquer definição inventada).
pessoa que vive a insatisfação de ser sem cordão umbilical, mas não dá conta de encontrar meios de se preencher.
pessoa que já não grita pela mãe, não chora pelos amigos, nem aproxima o mundo pela palavras.
pessoa que vive, vive fingindo não olhar muito para os lados, porque sabe que assim as chances são maiores de ser feliz, de ser estática.
pessoa que inventa pequenas satisfações para se manter normal, mesmo sabendo que nunca vai ser capaz de considerar um grande desejo. ela sabe que o grande desejo é inalcançável, mas bem que ela queria, ao menos, ter a experiência frustrada de tentar alcançá-lo.
bem, roubaram o carretel.

nós

certas coisas não se explicam. nem por palavras, imagens, nem mesmo por música. certas coisas se entranham, estranhas quando fora de mim.
ser é triste, Ser não é sem limitações.
Ser depende do outro... e outros sempre decepcionam.
definir-se, ato falho. mudanças são as únicas coisas imutáveis: estão sempre presentes.
angústias, porque ninguém é enquanto vivo, sozinho ou acompanhado. completude mesmo, só sob o peso da terra. ser completo é privar-se de vida.
viver, então, tão leve e insustentável (desculpa, kundera). existir é vazio com ânsia de um preenchimento inexistente.

esse texto; pesado, feio e, mesmo assim, um vácuo.

17 de mai. de 2010

correria dia.ria

esquecer que existem músicas para sentir. filmes para tocar. emoções para se cheirar. pensamentos para guardar, amaciar, renovar. palavras para vomitar.
rotina oca, imensa de nada. essa é minha desculpa pra andar tão vazia feito novela da 7.

31 de jan. de 2010

está faltando alguma coisa. alguma coisa no mundo todo. alguma coisa na minha vida mínima. estou surtando por brigas sem lógica. estou chorando por algo que não sou, por momentos que nunca tive. fujo do diante de mim, potencialmente bom. enquanto isso, busco pelo desconhecido, apenas criando expectativas... que caminho posso seguir, se não sei nem onde estou? nem quem sou... merda, está faltando alguma coisa.

10 de jan. de 2010

Campanha dos Sem Sombra (e pouca alma)

"Existem muitos formatos que só têm verniz e não têm invenção. E tudo aquilo contra o que sempre lutam é exatamente tudo aquilo que eles são" (MARCIANOS INVADEM A TERRA - LEGIÃO URBANA)

vamos ser o que dizem que é bonito. vamos ser cultos, nos mostrar inteligentes. vamos gravar as últimas notícias, definir nossa posição política. queremos ser vistos como diferentes, como antipadrão. vamos nos afundar no erudito e esquecer o que é simples, popular. vamos defender bons princípios, seguir as ideologias alternativas de contestação. vamos ser ultrapassados, para que pareçamos vanguardistas. vamos, abertamente, repudiar os rótulos, mas depender deles para sermos reconhecidos. vamos falar, porque ninguém reconhece quem age. vamos ser idealistas, pois os realistas são rejeitados. vamos acreditar na nossa própria mentira, na pseudo-autenticidade, na falta da nossa capacidade em ser.

baralho de eu-lírico

posso ser um número
um registro público
ou um endereço instigante

posso ser alguém
que chegou e foi embora
irrelevante,
uma amiga, um amor
de uma noite

posso ser indecifrável
objeto de estudo
confusão de personalidades
com misteriosa instabilidade

posso ser uma referência
alguém a ser seguido
um exemplo de gente,
um rumo de vida

posso ser o seu ponto de vista
só não consigo ser eu
porque insisto em ser para você

20 de dez. de 2009

O terceiro mandato de Lula

Política no Brasil, assim como muitas outras coisas, mostra-se diferente da do resto do mundo. Mantivemos a autocracia, logicamente que disfarçada por medidas e preceitos democráticos. Continuamos votando em pessoas, em somente imagens. O governo é o homem, não suas estruturas, seus partidos e seus cidadãos. Se vamos mal, a culpa é do homem (e seus ajudantes). Se vamos bem, o mérito fica apenas para ele também.
Em um passeio pela história da maior parte do último século, do Brasil "pós" oligarquias: quem lembra da UDN? Mas, como é possível esquecer ou não saber quem são figuras como Jânio Quadros e Carlos Lacerda? Alguém sabe os nomes dos partidos de Vargas? Melhor, Collor montou um partido só para poder se eleger a presidência! E lá retornamos para a pergunta, o governo brasileiro monta-se por ideologias ou por interesses pessoais?
Atualidade: odeia-se o PT, idealiza-se o Lula. O PT, na verdade, só não é tão odiado por causa do Lula, fato. O homem posicionou o partido acima dos escândalos de corrupção (que não foram poucos), acima das falhas administrativas, acima dos pecados governamentais esperados e dos surreais até mesmo para a realidade brasileira. Agora, o homem tenta eleger Dilma Roussef.
A "mãe do PAC" surgiu do nada na mídia política, embelezou-se do nada, tornou-se capa de revista do nada, apresentou-se do nada como braço direito do presidente e, do nada, é a candidata à sucessão de Lula. Do nada para tudo. O pior é que ela promete. Promete como possível eleita, não por sua história ou experiência política, contudo, por simplismente ter o apoio de Lula, o filho do Brasil.
Lula (ou o seu acessor de imprensa, mais provavelmente) sabe que uma imagem vale mais que mil partidos. Dessa forma, iniciou-se uma campanha central em que Dilma apresenta-se como a candidata que Lula quer e, portanto, que o povo deve querer. A estrelinha do PT, enquanto isso, fica escondinha nos cantos da propaganda. Subentende-se, cada vez mais, que Dilma é o terceiro mandato de Lula, por que não? É Constitucional, está legal.
Filho do Brasil, amigo do povo, pai dos pobres... tanto faz. PT, PSDB, DEM, PMDB... tanto faz. As briguinhas políticas, no fundo, servem apenas para disfarçar, para nos dar a sensação de viver numa democracia pluripartidária.

ps: texto motivado pelas propagandas descaradas do PT, ainda fora do período constitucional para propaganda eleitoral...

26 de nov. de 2009

pose

sou mais um produto século XXI. nego, renego, mas sempre caio na mesma percepção. praticidade, velocidade, e eu buscando por sensibilidade. e eu buscando por análise. ando tão devagar. minha cabeça não pode parar não, o mundo não para não. tempo é precioso, dizem. e eu me torno fragmentada. de segundo em segundo: tanto pensamento, tantas mudanças. pura ação, pouca idealização. tiroteio de notícias, mistura de sentimentos. o velho com o novo misturam-se em mim. flexibilidade é a solução. adequar-se é a solução. absorver sim; entender, jamais. criar raízes já se tornou expressão de vó. o negócio é ser livre, sentir-se livre. liberdade virou sinônimo de não se ligar a nada, de não ser nada. sejamos vazios o suficiente pra flutuarmos. ser cabeça dura saiu de moda, a moda é estar pronto para ser cada dia uma pessoa. sempre uma, mais uma, nunca a.

8 de nov. de 2009

ela vive em busca do sim, em busca de si, em busca deles. ela chora, pois quando chega a pensar que entende tudo que a cerca, algo, pequeno ou gigante, interpõem-se. ações mínimas, mas concretas, atingem qualquer um. sua sensibilidade à flor da mente não deixa nada escapar, não se esquece de nenhum gesto, ou até passa a inventar casos inexistentes na realidade. ela só quer sentir, ela exagera em sentir e, por isso, chora. e, por isso, isola-se. o isolamento decorre da decepção, lógico. por que o mundo funciona assim? por que as pessoas se mostram assim? serão todos assim? ela está percebendo errado? não, é tão óbvio: estão contra ela. ela se sente isolada, então, estão a isolando. desligar-se dos outros é tarefa difícil. desligar-se de si mesma é tão mais fácil. sentir-se banal é dar uma trégua aos pensamentos. ah, nada como uma semana no papel de simplesmente alguém de bem. porém, tudo volta. o que há no subconsciente não se ignora, não por muito tempo. parar de sentir é fácil, alivia... mas voltar é mais simples ainda. quando ela menos espera, pronto, uma situação, uma palavra já viraram história, com início, meio e fim, na sua cabeça, quer dizer, na sua alma.

6 de nov. de 2009

tão cheio e tão vazio

cérebro fechado pra informações. mentalidade fechada para novidades. alma fechada para emoções. ê coração burro, que insistiu muito em ser e entrou em curto-circuito. ê pessoa idiota, que sempre espera além dos demais. pessoas erram, faltam com alguma coisa, criam lacunas e esquecem simples gestos. a sensibilidade sempre percebe, sente falta. olhos? vermelhos. tão vermelhos quanto a raiva de sentir-se incompleto. olhos? fechando-se também.

27 de out. de 2009

relações parecem feitas para dar errado. Não, isso não representa um anti-romantismo ou uma dor de cotovelo. Querendo ou não, relações parecem feitas para dar errado.
Estabelecer um compromisso corresponde a estabelecer cobranças. Primeiro, a cobrança do outro, da pessoa amada, que, sensatamente, precisa se satisfazer. Depois, cobranças de si mesmo: não se sentir ideal, atencioso e suficientemente agradável. E aí, as relações começam a se mostrar como feitas para dar errado.
As cobranças, por sua vez, correspondem a apenas parte do problema do compromisso. São consequências do medo de perder. A posse, tal sentimento absurdo, reflete uma relação. Pessoas tornam-se donas e dominadas, tudo para estabelecer horários, nomes e metas de um sentimento simples. Quer dizer, o amor não é simples, mas é livre (ou deveria ser). Regras, obrigações e posse, portanto, contradizem o amor. Contradizem, contradizem, tanto, que o minguam.
Amor não precisa de lirismo, de presentes, de nome ou definição. Amor, ao se tornar relacionamento, torna-se também autoeforadestruição. O romantismo existe do nada, no nada. O amor, bem, é livre de matéria e de forma.

24 de out. de 2009

texto feito durante o movimento "FORA SARNEY"

Vivemos em um país onde políticos, os supostos representantes da ordem, da lei e da cidadania, vendem-se por pouco. Alguns transitam pelos partidos e alteram suas “ideologias” por umas notas na cueca. Outros, nem melhores nem piores, agem a favor do que discordam para se manterem fieis ao partido. Um, em especial, mostrou que considera o Senado sua própria empresa familiar.
José Sarney representa o incomum. Por meio de atos secretos e atitudes indiscretas, o ex-presidente da República nomeou familiares e amigos para diversos cargos do Senado. Apesar de Sarney jurar inocência, muitas são as provas e evidências de sua roubalheira política. O Estado de S. Paulo, por exemplo, tenta há meses publicar informações sobre uma tal “Operação Boi Barrica”. O jornal, porém, foi censurado e não pode mais tratar sobre esse assunto. Coincidência ou não, tal operação possivelmente apresenta provas contra o senador e seu clã.
A sujeira, no entanto, não se limita ao Senado, nem aos tempos atuais. O Maranhão, nicho político dos Sarneys, compõe a lista dos estados mais pobres do Brasil. A família do coronel, em contrapartida, compõe o quadro das mais ricas do país. Além disso, vale lembrar-se de Sarney como presidente da República, de seus cinco planos econômicos, da inflação e de suas três moedas. Não obstante todo o real fracasso, Sarney é a imagem do “sucesso brasileiro”: corrupto, coronel, péssimo político, pseudo-escritor e milionário.
José Ribamar (Beiramar, tanto faz), e agora? O país cansou das roubalheiras, das nomeações particulares. Então, por favor, dá o fora, Sarney!

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obs: apesar do texto representar um momento brasileiro de 2009, podemos considerá-lo atemporal no país. Basta trocar nomes e situações específicas....

aceitar para ser aceito

bom senso
sem bom senso
sen só
bom se só
se bo
sem bom senso
bom senso

20 de out. de 2009

momento metalinguístico

palavras soltas, quando bem selecionadas, arrasam. a confusão emocional (expressa pelo conteúdo e pela forma) de um texto atrai. divagar é bom. divagar com lápis é melhor ainda. grandes visões dependem do cérebro que vê. textos surpreendentes dependem da mente que se liberta.